quinta-feira, 21 de julho de 2011

A Pilcha da Prenda

Como na pilcha do peão, a pilcha tradicional da prenda deve seguir algumas recomendações para garantir  o recato e a tradição típicos do Rio Grande do Sul. Aquí, apresentaremos a tradição segundo Paixão Côrtes:

Vestido

Deve ser longo, até o peito do pé. Sempre de cores sóbrias, ou um colorido leve para as gurias. Pode ter rendas, mas sem exagero. A manga é usada em três quartos ou comprida. Por baixo, deve-se usar a saia de armação (anágua) branca e leve. O comprimento deve ser inferior ao do vestido.
Não pode ter decote ou outras aberturas que ponham, exageradamente, partes do corpo à vista.
Tecidos: lisos e mais encorpados, sem usar enfeites dourados, prateados, pinturas à óleo e demais tintas e purpurinas, bordados, ter o cuidado de escolher cores harmoniosas e lisas, esquecendo as cores fortes, berrantes e fosforescentes.
É permitida pintura miúda, com tintas para tecidos. Não usar pérolas e pedrarias.

Chale

Usado sobre o vestido, deve também ter cores sóbrias, podendo ser preso com um broche ou deixado solto. Pode ser usado um bolero.

Saia e Casaquinho

Peças separadas.
A saia deve usar dos mesmos critérios do vestido.
O casaquinho deve ser de mangas longas gola pequena e abotoado na frente.
Obs.: Saia com casaquinho (roupa de época), a saia deve ser lisa. No casaquinho poderá ter bordados discretos.

Meia e Bombachinha

Por baixo do vestido a prenda deve usar a bombachinha: uma ciroula na cor branca até os joelhos. Deve sempre usar a meia por baixo do sapato. Deve ser branca ou beje, tolerando as de colorido leve para as guriazinhas e as de tom mais escuro para as senhoras.

Sapatos

Pode ser preto, branco ou beje, com salto tamanho 5 ou meio salto, com tira sobre o pé, com fivelinha para abotoar do lado de fora. As gurias podem usar um tipo de sapatilha.

Bombacha feminina
Detalhe do bordado da bombacha feminina
A prenda pode usar, se quiser, a bombacha ao invés do vestido. Nesse caso, ela é levemente bordada na lateral, de cores sóbrias, e deve ser usada com uma blusa social de manga longa ou três quartos e bota.

Cabelo

Podem ser soltos, presos, semi-presos ou em tranças. Para as prendas adultas ou jovens, poderão ser enfeitados com flores artificiais ou naturais, lembrando que deve-se tomar cuidado para que as flores naturais não murchem no cabelo, o que seria desegradável. As prendas mirins não usam flores. O coque é usado por prendas adultas ou veteranas. Não se deve usar brilhos ou purpurinas ou adornos plásticos. 

Maquiagem
Discreta, de acordo com a idade e o momento.

Obs.: É permitido o uso de leques. Os acessórios, tais como colares, brincos e anéis, devem ser discretos, e nunca de plástico ou outro material artificial, ou ter cores chamativas.

Siga estas orientações, lembrando que é sempre necessário uma boa dose de bom gosto para se estar corretamente pilchada.

Fontes:  http://www.mtg.org.br
            http://http://pt.wikipedia.org/wiki/Pilcha

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A Pilcha do Peão

Um dos traçoes mais marcantes na cultura gaúcha é a pilcha (vestimenta tradicional). E, para que se mantenha o padrão tradicional, o MTG (Movimento Tradicionalista Gaúcho) definiu as diretrizes para a pilcha gaúcha.
E, para evitar seu uso incorreto, é importante conhecer bem o tradicional:

Bombacha


Calça de origem turca, usada pelos pobres na Guerra do Paraguai. São largas na Fronteira, médias no Planalto e estreitas na Serra, quase sempre com "favos de mel". Necessariamente de cós largo, sem alças para a cinta e com dois bolsos grandes nas laterais. É de tecido leve.
As cores devem ser sóbrias ou neutras, como marrom, bege, cinza, azul marinho, verde escuro, etc.
Obs.
- A largura das bombachas, na altura das pernas, deve ser tal que a caracterize como tal e
não seja confundida com uma calça.
- As bombachas deverão estar sempre para dentro das botas.
- É vedado o uso de bombachas plissadas e coloridas.

Camisa

Cores sóbrias ou claras, com padrão liso ou riscado discreto com gola esporte ou social.
Para o lazer ou a lida compeira, as mangas podem ser do tipo pólo ou de malha, e ter as mangas curtas. Para eventos sociais-formais, deve ser de gola social, com mangas compridas, abotoada tanto no peito como nos punhos.
Obs.: Vedado o uso de camisas de cetim e estampadas.


Lenço


É usado com a camisa de manga comprida, atado ao pescoço, do lado interno da camisa.
Pode se das cores vermelha, branca, azul, amarelo, encarnado, bege xadrez miúdo e preto (para luto). Xadrez de branco e preto é para luto aliviado.
Existem diversos tipos diferentes de nó.

Nó simples

Pala e Poncho


É uma capa que é usada sobre a pilcha.
Diferentemente do poncho, cuja origem é gauchesca e que serve para proteger apenas do frio e da chuva, o pala tem origem indígena e serve para proteger contra o frio, sendo de lã ou algodão, e de seda para proteger contra o calor.

Bota

Deve ser das cores preta ou marrom. Nunca branca.
Pode ser lisa ou de fole, e a sua altura depende da região.

Guaiaca ou Rastra

Para guardar moedas, palhas e fumo, cédulas, relógio e até pistola.
A guaiaca possui uma ou duas fivelas frontais. Já a Rastra possui um ornamento , geralmente em couro, e é afivelada na lateral do corpo.

Esporas


"Chilenas" ou "nazarenas" de prata ou de metal.
Não são utilizadas em bailes ou fandangos.

Colete

Deve ter botões na parte da frente e uma fivela de regulagem nas costas. É de uma só cor, até a altura da cintura. Nunca é usado com paletó.


Chapéu e barbicacho

O chapéu é de feltro ou pelo de lebre com abas a partir de 6 cm, com a copa de acordo com as características regionais. Usados como proteção contra o sol. Não é admitido em bailes, fandangos ou CTGs. Seu uso é considerado uma falta de respeito ao patrão ou anfitrião.
É proibido o uso de bonés.
Faixa

Tira de pano, preferencialmente de lã, usada na cintura com o propósito de prender a bombacha
É opcional, se usada deverá ser lisa, na cor vermelha, preta de lã ou bege cru (algodão), de 10 a 12 cm de largura..


Faca

Tem detalhes entalhados, principalmente na bainha e no cabo.
Embora tradicional, seu uso é vedado em alguns eventos por motivos óbveis.


Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pilcha
              http://www.mtg.org.br
              

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lendas do Rio Grande do Sul - Negrinho do Pastoreio

Negrinho do Pastoreio
No tempo dos escravos, havia um estancieiro muito ruim, que levava tudo por diante, a grito e a relho. Naqueles fins de mundo, fazia o que bem entendia, sem dar satisfação a ninguém.
Entre os escravos da estância, havia um negrinho, encarregado do pastoreio de alguns animais, coisa muito comum nos tempos em que os campos de estância não conheciam cerca de arame; quando muito alguma cerca de pedra erguida pelos próprios escravos, que não podiam ficar parados, para não pensar bobagem... No mais, os limites dos campos eram aqueles colocados por Deus Nosso Senhor: rios, cerros, lagoas.
Pois de uma feita o pobre negrinho, que já vivia as maiores judiarias às mãos do patrão, perdeu um animal no pastoreio. Prá quê! Apanhou uma barbaridade atado a um palanque e depois, cai-caindo, ainda foi mandado procurar o animal extraviado. Como a noite vinha chegando, ele agarrou um toquinho de vela e uns avios de fogo, com fumo e tudo e saiu campeando. Mas nada! O toquinho acabou, o dia veio chegando e ele teve que voltar para a estância.
Então foi outra vez atado ao palanque e desta vez apanhou tanto que morreu, ou pareceu morrer. Vai daí, o patrão mandou abrir a "panela" de um formigueiro e atirar lá dentro, de qualquer jeito, o pequeno corpo do negrinho, todo lanhado de laçaço e banhando em sangue.
No outro dia, o patrão foi com a peonada e os escravos ver o formigueiro. Qual não é a sua surpresa ao ver o negrinho do pastoreio vivo e contente, ao lado do animal perdido.
Desde aí o Negrinho do Pastoreio ficou sendo o achador das coisas extraviadas. E não cobra muito: basta acender um toquinho de vela ou atirar num cano qualquer naco de fumo.

Fonte: Mitos e Lendas do Rio Grande do Sul, de Antonio Augusto Fagundes

Poesia Campeira - Chimarrão


 Chimarrão
Glaucus Saraiva

Amargo doce que eu sorvo
Num beijo em lábios de prata.
Tens o perfume da mata
Molhada pelo sereno.
E a cuia, seio moreno,
Que passa de mão em mão
Traduz, no meu chimarrão,
Em sua simplicidade,
A velha hospitalidade
Da gente do meu rincão.

Trazes à minha lembrança,
Neste teu sabor selvagem,
A mística beberagem,
Do feiticeiro charrua,
E o perfil da lança nua,
Encravada na coxilha,
Apontando firme a trilha,
Por onde rolou a história,
Empoeirada de glórias,
De tradição farroupilha.

Em teus últimos arrancos,
Ao ronco do teu findar,
Ouço um potro a corcovear,
Na imensidão deste pampa,
E em minha mente se estampa,
Reboando nos confins ,
A voz febril dos clarins,
Repinicando: "Avançar"!
E então eu fico a pensar,
Apertando o lábio, assim,
Que o amargo está no fim,
E a seiva forte que eu sinto,
É o sangue de trinta e cinco,
Que volta verde pra mim.